Uma questão de prestígio

Deve um autor sair prestigiado pela atribuição de um prémio ou, pelo contrário, deve um prémio sair prestigiado por se eleger alguém com nome feito?
Esta é uma questão que parece não estar muito bem resolvida, pelo menos em alguns dos galardões nacionais.
Há uma clara tentação de fazer associar o prémio a um nome com inquestionável e firmado mérito literário, como se isso conferisse ao mesmo uma maior respeitabilidade.
Os grandes prémios literários há muito que resolveram essa questão, se é que alguma vez ela se colocou.
Alguém conhecia o Atiq Rahimi antes de vencer o Goncourt? Alguém conhecia o Aravind Adiga antes de vencer o Man Booker? Assim como ninguém conhecia o Amilcar Bettega quando, em 2005, venceu o Prémio PT.
Ainda que tenha sido alvo de muitas críticas, o Prémio Leya resistiu a essa tentação ao premiar Murillo António de Carvalho, um verdadeiro desconhecido.
Premiar, por sistema, os nomes feitos ou que estão mais na moda converte o galardão numa homenagem. Era bom que os prémios servissem para alavancar uma carreira, não para a incensar.
Cristóvão Tezza, vencedor da última edição do PT, talvez tivesse que esperar muito tempo para ser publicado em Portugal, se não o tivesse ganho.
A este propósito, é também engraçado o facto de nunca termos ligado ao PT, até ao momento em que o Gonçalo M. Tavares o venceu. Os dois primeiros vencedores, de um prémio criado por uma empresa portuguesa, continuam a não estar editados cá. Mas sobre isto voltarei a escrever mais tarde.
0 Comentários:
Postar um comentário
Assinar Postar comentários [Atom]
<< Página inicial