sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Uma questão de prestígio


Deve um autor sair prestigiado pela atribuição de um prémio ou, pelo contrário, deve um prémio sair prestigiado por se eleger alguém com nome feito?
Esta é uma questão que parece não estar muito bem resolvida, pelo menos em alguns dos galardões nacionais.
Há uma clara tentação de fazer associar o prémio a um nome com inquestionável e firmado mérito literário, como se isso conferisse ao mesmo uma maior respeitabilidade.
Os grandes prémios literários há muito que resolveram essa questão, se é que alguma vez ela se colocou.
Alguém conhecia o Atiq Rahimi antes de vencer o Goncourt? Alguém conhecia o Aravind Adiga antes de vencer o Man Booker? Assim como ninguém conhecia o Amilcar Bettega quando, em 2005, venceu o Prémio PT.
Ainda que tenha sido alvo de muitas críticas, o Prémio Leya resistiu a essa tentação ao premiar Murillo António de Carvalho, um verdadeiro desconhecido.
Premiar, por sistema, os nomes feitos ou que estão mais na moda converte o galardão numa homenagem. Era bom que os prémios servissem para alavancar uma carreira, não para a incensar.
Cristóvão Tezza, vencedor da última edição do PT, talvez tivesse que esperar muito tempo para ser publicado em Portugal, se não o tivesse ganho.
A este propósito, é também engraçado o facto de nunca termos ligado ao PT, até ao momento em que o Gonçalo M. Tavares o venceu. Os dois primeiros vencedores, de um prémio criado por uma empresa portuguesa, continuam a não estar editados cá. Mas sobre isto voltarei a escrever mais tarde.

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