terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Anacronismos



"No tempo em que eu fingia que levava as coisas a sério, achava que a humanidade se dividia em duas espécies de pessoas: as que dividem a humanidade em duas espécies de pessoas e as que não dividem. Entre as que dividem a humanidade em duas espécies de pessoas, convenci-me de que a humanidade se divide em duas espécies de pessoas: as que fingem que se levam a sério e as que fingem que não se levam a sério". - Ruy Castro, in "Ungáua!"

Ruy Castro tem novo livro, não cá, no Brasil. É uma recolha de crónicas publicadas na Folha de São Paulo, na "Página 2", que ele baptizou de "Ungáua!". Mas o pretexto deste post não vai para o lançamento deste livro, mas para outros, desconhecidos, entretanto já publicados. Cronistas como Paulo Francis, Ivan Lessa ou Diogo Mainardi são gente estranha para a nossa gente e no entanto são do que melhor se pode imprimir. Mainardi ainda nos foi chegando pelo GNT, no "Manhattan Connection", já o seu volume de crónicas "A tapas e pontapés" não conseguiu atravessar o Atlântico. Por falar nisso o meu exemplar voou para as mãos do Mário Augusto e não mais voltou. O Ivan Lessa, há muito radicado em Londres, onde trabalha para a BBC, poucos ouviram falar dele. Se o primeiro volume de crónicas "O Luar e a Rainha" não foi por cá editado, não há esperanças que "Gip! Gip! Nheco! Nheco!" conheça sorte diferente. Mas mais triste ainda é a falta de contacto com os clássicos, seja Paulo Francis ou Rubem Braga. É certo que Abel Barros Baptista escolheu uma mão cheia de cronistas para um dos volumes da sua biblioteca, mas é curto. Falta uma relação mais próxima com Nelson Rodrigues e muitos outros para que, por exemplo, a crónica desportiva portuguesa (se é que existe isso) dê um salto qualitativo. Entretanto já saiu mais uma recolha de crónicas de Luis Fernando Veríssimo, mas esse, mais cedo ou mais tarde, tem edição garantida deste lado. Prioridades.

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